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RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 16. Resumo de pontos a serem trabalhados

13/06/2019

16. Resumo de pontos a serem trabalhados 

Acesso às informações 

As fases da entrada em meditação precisam estar bem compreendidas. O relaxamento produz o estado intermediário. O estado intermediário possibilita a entrada em meditação ou os trabalhos avançados com a consciência. A meditação livre, sem outro objetivo além de perder-se, tem como propósito entrar em níveis profundos de consciência. Nesses níveis, podemos acessar: nosso subconsciente; ou as informações inconscientes; ou ainda níveis elevados de consciência, que trazem insights importantes e nos conectam com nossa essência. O acesso ao subconsciente ou pré-consciente ou mesmo ao inconsciente, proporcionado pelo estado intermediário, que é onde estamos com nossas “restrições mentais afrouxadas”, podem nos auxiliar a resolver as mais diversas situações, como estamos vendo, desde hábitos nocivos até características herdadas, cristalizadas ou mesmo profundamente disfarçadas e escondidas. É preciso diferenciar todos esses estados e possiblidades. A meditação pura tem um propósito, que é o de oferecer o modo de se desconectar do mundo objetivo, dos sentidos, e de todos os seus apelos. A meditação ou o estado intermediário, como forma de acesso ao centro de nós mesmos, é a maneira pela qual nos aprofundamos em nossas próprias questões. E onde, também, podemos ter os efeitos mais claros e efetivos das aplicações e da energia, se estivermos analisando sob a ótica de um iniciado Mointian. 


Cessar a causa 

Algumas considerações são básicas, como a de que, para os efeitos aparecerem ou permanecerem, os processos causadores de conflitos precisam ter cessado. Se estamos no meio de um problema, não podemos colocá-lo na bolha esperando que ele se resolva ou que, visualizando a sua dissolução, sairemos do estado meditativo e, milagrosamente, tudo estará resolvido. Se a questão de abuso psicológico está presente em casa, a bolha ameniza os sintomas, mas não os resolve. Talvez, em certo sentido, até atrapalhe, se ela causar um equilíbrio, que é apenas uma aceitação do problema, e não o desafio para o enfrentamento e a resolução. 
Se é um problema financeiro, enquanto não tivermos estabilidade nesse sentido, estaremos sujeitos a todo tormento que causa a preocupação com os pagamentos e o sustento. Se convivemos com pessoas que nos fazem mal, só se soluciona com o afastamento, por exemplo. Se sentimos desconforto físico, algo que perturbe ou cause dor, colocar isso na bolha terá o sentido de permitir que, de alguma maneira, possamos acessar a forma como poderemos modificar o fator que causa o problema. Isso é importante. Entender o que acontece, porque acontece, pode facilitar nossa vida. Podemos utilizar essa consciência sobre um fator causador de desequilíbrio para aceitá-lo, convivermos com ele, ou agirmos para sua transformação. Esse é o motivo da prática da projeção de algo no futuro, para a transformação. 


Período de pausa 

Outro ponto interessante nessa busca pelas resoluções é que quando se está fazendo um trabalho profundo, muitas daquelas ideias recorrentes ou pensamentos obsessivos que pareciam adormecidos podem voltar a consciência. Mesmo aquelas coisas que, de alguma maneira já estavam resolvidas, que já, anteriormente, havíamos pensado, processado e, em certo nível, absorvidas, equilibradas emocionalmente, podem voltar à consciência. Isso geralmente ocorre nos períodos de pausa. Podemos imaginar ou comparar o período de pausa com o pedalar de uma bicicleta. O período de atividade ou de realização dos exercícios seria como o ato de pedalar para fazer a bicicleta andar. Quando mais força pusermos nisso, maior o impulso. Mesmo quando paramos de pedalar, com o impulso gerado, continuamos a nos mover por certo tempo. É o que ocorre com o processo das resoluções: a força e o impulso é realizado no primeiro período de 21 dias. Na pausa, o movimento continua, com o processamento das informações e sua consequente resolução, em certo nível. 
Assim, podemos reagir de maneira negativa em um primeiro momento, pensando que algo saiu errado, pois parece que o efeito foi contrário ao esperado. Para outros, a pausa é mesmo a suspensão de movimento, como se nada mais estivesse ocorrendo. Mas o movimento interno e a dissolução continuam, mesmo que imperceptíveis. Em um ou outro caso, é preciso seguir, ainda com mais atenção, no próximo período ativo. 


Série de abusos e traumas 

Para a resolução profunda de muitos eventos, e quando nos perdemos diante do número de situações que começam a emergir, é bom manter o foco e realizar uma prática concisa, firme, mas efetiva. 
Podemos usar, no processo de 21 dias, uma frase firme, como: 
“Desfaço agora qualquer laço, influência, marca ou prejuízo que qualquer situação, fato ou pessoa tenha deixado em minha vida desde a minha concepção (pode ser nascimento, infância, etc.). Fico livre para assumir toda a potencialidade que minha existência me permite, livre de quaisquer limitações ou imposições inconscientes e assumo a alegria e a manifestação plena da minha vida”. 
Dito isso, mentalmente, visualizar a bolha na tua frente, e com todas as possíveis cenas, pessoas ou influências ali dentro. Visualizar a dissolução ou a bolha envolta em uma rede azul, que se eleva ao Sol e lá se dissolve completamente. 
Para os que são iniciados no Mointian, é possível acrescentar a força de dois símbolos. Para isso, ativar e sentir, no cardíaco, o símbolo Amplificação e, entrando a partir do alto da cabeça até o cardíaco, o símbolo Materialização. 
Pelos 21 dias da prática, essa ordem, essa frase, deve ser pronunciada. O que vier como lembrança nos primeiros dias, especialmente como fruto desse processo, precisa ser visto com calma, para decidir se vai ser trabalhado em separado ou se fica, como uma nova ordem e novo material, mas para o trabalho com a bolha já iniciado. 
Isso porque é preciso dissolver rapidamente esses efeitos principais e profundos que já estejam claros, que já estejam conscientes. Os casos de traumas e abusos são inúmeros e, aqui, estamos trabalhando com muitas possibilidades. Alguns têm um problema pontual, uma situação de conflito, mas outros tiveram uma vida de privações e abusos. O problema desse último tipo é que não se pode trabalhar tudo ou dissolver tudo separadamente, sob o risco de se enrolar em sentimentos, frustrações ou emoções, caindo sempre em outros processos e definições, o que seria um propósito oposto ao de síntese aqui apresentado, em todos esses textos. 

No próximo tópico analisaremos alguns “casos” de resoluções. Com eles, poderemos ver várias possibilidades, colocando em prática o que viemos analisando até aqui.


RESOLUÇÕES PROFUNDAS II: 15. Sobre a Cronologia Quebrada

27/05/2019

15. Sobre a cronologia quebrada 

Para a vida ser tranquila, para a vida atingir sua plenitude, e para que um indivíduo possa seguir com os seus processos psicológicos em desenvolvimento sadio, de acordo com a ordem e organização pessoal ideal, cada personagem, cada membro da família, cada parte constituinte de nossa vida, precisa estar no lugar certo e desempenhando o seu papel ideal. Se, de alguma maneira, isso foi quebrado, se quem deveria proteger torna-se opressor ou abusivo, isso gera consequências que se mostram como uma quebra dessa cronologia, na forma de traumas, e que perduram por toda a vida. Esse é um ponto muito importante, e é o motivo maior para que esses tópicos tenham sido organizados até aqui. A ruptura da cronologia natural, causada por trauma profundo, ou quando uma figura que deveria contribuir para a construção sadia da personalidade torna-se um vilão, pode romper com todo o sistema de desenvolvimento natural, com a cronologia natural, impedindo que a vida se desenvolva da maneira correta. Entender o papel que temos na vida do outro, dos outros, em nosso círculo, é infinitamente mais importante que compreender os conceitos de ética ou moral. Porque o que importa é pôr em prática as características que nos definem como seres humanos sociais e racionais. 
Quando a ruptura com o ciclo de vida ocorre, a tal ponto que retire a força vital necessária para que se possa trabalhar, por conta própria, em uma situação, é preciso um acompanhamento e será preciso avaliar se as práticas serão apenas essas apresentadas ou se haverá necessidade de mais auxílio. 


A outra dimensão de vida 

Vale um dado a mais, relativo ao que seja a cronologia de vida interrompida ou quebrada. Imaginemos que nossa vida, conforme descrito na Parte V C do livro azul, deveria seguir uma linha, uma cronologia, uma dimensão de vida determinada e que um evento marcante, traumatizante ou forte o suficiente, muda totalmente nossa vida. Caímos, como também definido naquela parte, em uma nova dimensão de vida, criando uma nova forma de nos adaptarmos ao mundo. Imaginamos, e isso é fácil de fazer, que nossa vida se tornou o que temos, o que vivemos agora, absolutamente distante do que haveríamos feito se continuássemos naquela cronologia, original, agora perdida. Assim, hoje, com tudo o que temos e vivemos, fica extremamente difícil, impossível, para a maioria, decidir, mesmo após entenderem que suas cronologias de vida foram modificadas de forma brusca e inesperada, mudar a tudo o que entenderam da vida. Porque, nessa altura, após entenderem que os mecanismos de defesa e todas as suas reações, todas as suas formações reativas e, muito mais, o seu inconsciente, fez as escolhas para sua vida, e que muitas delas foram felizes, trouxeram realizações, como decidir jogar tudo isso para longe, para o alto? Como decidir voltar atrás para reconstruir uma nova vida, que, de alguma maneira, possa ser diametralmente oposta às escolhas realizadas até aqui? 
Essa é a grande dúvida e, mais interessante, é uma dúvida que, para a maioria, ocorre apenas no inconsciente, quando fogem das resoluções sem entender por que o fizeram, quando interrompem os seus processos internos ou quando, simplesmente, entendem que as práticas se tornaram difíceis e que não conseguem mais ir adiante. 
Em outras palavras: É muito difícil mudar aquilo que é a razão de viver, porque toda tua vida foi moldada em cima de uma característica ou em cima do motivo do sofrimento. Então, mudar a característica central, é mudar a própria vida ou o sentido da vida em si. 
Como retirar o sentido da existência? Isso é como querer entender outra vida que nunca foi vivida; é como dar uma chance, para si e para a vida, de uma forma que nunca foi pensada; é a possibilidade de viver uma verdadeira vida paralela, pois a vida real, que deveria estar sendo vivida, nunca foi pensada, porque não se teve a oportunidade de poder vivê-la; mudar isso é como mudar todas as nossas alegrias aqui vividas, nesse mundo paralelo vivido por consequência de um sofrimento; é como retirar o sentido da própria existência... para trazer o real sentido... 


Construindo o adulto protetor 

Outro ponto que, até aqui, ficou apenas subentendido, é quanto a se tornar o próprio adulto protetor e guia da “criança do tempo passado”. Para a realização disso é preciso “construir a personalidade”, equilibrando-a em algum nível, com certo grau de sucesso. Sem a construção da personalidade é impossível tratar da “criança interior”, se podemos chamar assim. Estou falando isso para chamar atenção para o fato de que, em muitas técnicas, de outros métodos e que são muito comuns, é muito indicado algo como um “renascimento”. No entanto, todo renascimento, que não leva em consideração a necessidade de fortalecer, de antemão, a personalidade, para que possa entender os processo e mecanismos aos quais está sujeita e que interferem em sua vida, vai se tornar apenas mais uma “encarnação”. Será como se a pessoa estivesse apenas voltando ao passado para, novamente, reviver todos os seus processos, revivê-los e reativá-los, com mais força, e com toda aquela carga emocional de antes, ou mais, porque foram agora reativadas. Isso quer dizer que, em um primeiro momento, até pode ser que se consiga algum tipo de melhora, como tudo que vemos ser possível que ocorra. Mas, em pouco tempo, instala-se novamente o processo de degradação emocional e as causas reais continuarão a fazer seus estragos no profundo da psique. 
A chave, portanto, está no fortalecimento do adulto, para ser o protetor e guia. Esse fortalecimento exige todo esse processo que estivemos vendo até aqui, de construção da imagem real, da história, da compreensão dos processos e mecanismos e toda a gama de informações e tempo de dedicação que estamos realizando até este ponto. Somente assim nos tornaremos, em certa medida, conscientes de nós mesmos a ponto de podermos voltar, com segurança, com força e plenitude, e por nós mesmos, ao nosso “sofrimento original” para podermos resgatar nossa vida que foi desviada. 


Fases da dissolução 

Vemos, então, que temos três fases importantes no processo de dissolução: 
> A primeira, é a exposição e a dissolução inicial, que traz memórias que podem ser de fatos marcantes ou que elimina características negativas;
> Na segunda fase, retira-se o que fica “grudado”, ainda que resolvido num primeiro instante, mas que já nos dá força para vermos outros aspectos mais profundos;
> Depois, vem um tipo de raiva ou angústia, que pode ser entendido como a raiz profunda que está em nossa alma, ou gravada em nosso ser. Ela será retirada aos poucos, num processo gradativo e contínuo, sempre espaçado por períodos mínimos de 21 dias ativos e passivos: 21 dias de prática e 21 dias de pausa com outras técnicas ou apenas realizando o EBM sem direcionamento direto. 

Formas de visualizar a dissolução 

Precisamos entender que a parte da dissolução é imensamente importante. 
Depois de se encontrar o tema, analisar os fatos, fazer EBM, encontrar o EI, conforto e conversa, agora vem a dissolução. 
É aí que as coisas podem complicar um pouco e, muito frequentemente, no decorrer dos dias de prática, emergir as negações do processo. Em alguns dias, parece que tudo anda bem, a visualização é rápida e eficaz. Noutros, parece que nada ocorre ou que o “lado negro” tomou conta. É preciso usar a raiva positiva, como disse anteriormente, e também usar mecanismos de dissolução. Se apenas visualizar e sentir a bolha dissolver o problema não resolve, ou que ele parece permanecer “mais grudado”, ou que aparecem sensações como uma pressão no cardíaco ou no abdome, então é preciso reforçar a visualização, talvez sentindo que o que se retira vai para o sol ou que é puxado com uma imensa rede azul, e levado para o sol... Em uma prática, tempos atrás, eu senti como se estivesse sendo puxado por esse outro eu, o eu das sombras, como se ele tivesse raízes grudadas em mim, e então eu tive que sentir ele se dissolvendo, como um picolé derretendo, e a parte dissolvida, em vez de escorrer, era levada para a fornalha do sol. 
É preciso sentir a dissolução, que a parte, a característica, a sensação, é retirada e que não resta nenhuma ponta, nenhum resquício de sensação negativa conosco. Por isso é necessário persistir e ter convicção na mudança. Obviamente, não devemos criar obsessão pela dissolução, mas precisamos, essencialmente e acima de tudo, da prática do autoconhecimento como a direção de nossa vida. Esse foco vai nos mostrar o que somos de fato, o que adquirimos e repetimos e o que pode ser fruto de traumas e frustrações. 

Próximo tópico: 16. Formas de visualizar a bolha - Resumo e Como fazer


RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 14. Análise das Consequências

20/05/2019

14. Análise geral das consequências 

É preciso lembrar, mais uma vez, que, como consequência imediata da prática de dissolução profunda, as memórias podem ficar ainda mais vivas, causando um incomodo nos dias seguintes. Mas, isso deve ser um estímulo para continuar com o processo, e não para querer desistir. Quando se retira, ou se começa a retirar, essas camadas mais densas de problemas, é comum que as memórias e as sensações aflorem, parecendo que o efeito foi contrário ao esperado. Os mecanismos de defesa também tendem a ser estimulados, fazendo com que certos padrões de fuga se instalem, dispersando a força que deve ser usada para as práticas. Lembremos do mesmo princípio, já enunciado no Manual do MOINTIAN, referente às iniciações: 
Como consecução do processo de iniciação afirma-se: o que for bom ficará, o que for ruim nunca mais aparecerá. Em todos os aspectos ocorrerão limpezas e transmutações para que a nossa volta apenas harmonia permaneça, mesmo que a princípio pareça o oposto. Podem aparecer situações que, analisadas superficialmente, são contrárias ao nosso bem-estar. Pode ocorrer, por exemplo, o rompimento de um relacionamento aparentemente estável, mas que impedia o fluxo superior de se manifestar plenamente, pelas ligações ou conflitos que gerava. A harmonia que virá depois do período de reajuste será muito maior. (...) De modo geral, toda iniciação denota um processo de reinício, de recomeço, uma espécie de renascimento. É o marco final de um ciclo e entrada em um novo. Isto é simbolicamente representado por um estado de morte, de desprendimento de uma fase que foi importante, cumpriu sua missão em nossa jornada e deve ser deixada para trás, com o propósito de proporcionar uma evolução interior e uma reorganização de padrões em todos os níveis do nosso ser. É preciso, de certa forma, matar apegos e lembranças anteriores, sem reprimi-las, mas superando obstáculos a partir da força de uma iniciação, empregando as técnicas para este propósito. Sem a morte do que ficou para trás, sem o desligamento total dos processos que foram trampolins para a possibilidade desta abertura, não se pode atingir o cume da montanha, que é o renascimento, a elevação e a transmutação interna. Manual do MOINTIAN. Efeitos das Iniciações. p.56-57. 
Todo sentimento negativo tem uma raiz, que pode estar escondida e que precisaria ser analisada e, então, dissolvida. Quando se desconhece a causa original de algum sentimento ou reação, será necessário fazer uma preparação para a dissolução final. Isso tem como objetivo deixar aflorar memórias, sentimentos e sensações que proporcionarão a descoberta das causas profundas. Para isso, pode-se realizar o EBM e a visualização da bolha, como uma conversa com a tua parte que manifesta uma reação, por um período de 21 dias. Mesmo que as memórias não aflorem totalmente, as sensações irão equilibrar-se e será possível realizar um procedimento mais profundo para a situação como um todo. 

A partir do momento que se tem algumas respostas, pode-se isolar ou agrupar situações sobre o mesmo tema original. Então, não seria simplesmente o sintoma, como a ansiedade, por exemplo, mas a perda ou o medo da perda, como reflexo da causa real. Coloca-se aquele medo dentro da bolha, que pode ser o teu medo, vendo a ti com medo e também pode-se colocar a situação lembrada, original, dentro da bolha. Há muitas maneiras de fazer. Mas é preciso chegar na origem. Depois, trabalha-se nas consequências na vida diária, nos impedimentos e nas frustrações que as causas originais deixaram na vida. Assim, quando se dissolve as origens, teremos a manifestação da vida livre. E, somente após isso, as conexões superiores. 
Mas, o estímulo para a continuação será ampliado, mostrando-se como uma oportunidade de crescimento e autoconhecimento. 
> Quando se desconhece uma causa, trabalha-se com as reações;
> Trabalhar com as reações ajuda a amenizar ou dissolver os efeitos das causas profundas, ainda que desconhecidas;
> Trabalhar na origem ou causa, ameniza ou dissolve as reações.
 

Análise das anotações e com os ciclos de humor 

A conversa na bolha é uma técnica importante para identificar aquilo que não precisa mais permanecer conosco, que nos demos por conta que precisa ser extraído e dissolvido. 
Durante a prática, é importante estar plenamente harmonizado e consciente do que se precisa fazer e não deixar que as imagens externas, ou os pensamentos que não condigam com o tema, atrapalhem a concentração. No entanto, e apesar de contraditório, é preciso analisar e anotar todas as imagens e informações que venham como decorrência da execução da técnica, e em todos os passos do processo. Tudo precisa ser anotado, mesmo que não pareça estar conectado com a técnica ou com os argumentos listados. No final da sequência de práticas tudo o que foi anotado será analisado, e poderemos identificar padrões e características que não havíamos reconhecido mesmo durante o período de práticas. O reconhecimento de informações traz um incrível salto, um crescimento interno muito significativo. Essas informações que surjam podem envolver muitos lapsos de memória aparentemente desconexas, mas que fazem parte da reconstrução mental e da personalidade. Quando conseguirmos montar essas ideias, com associações mentais, veremos que evidenciam a retirada mais profunda das emoções gravadas sobre o problema que está sendo trabalhado. Por isso é importante anotar tudo. Durante o processo, pode ocorrer, inclusive, uma variação de bolha, como um reflexo no espelho, no qual a parte que “sai” é a que vê o que está errado: como uma versão melhorada daquele que está tentando mudar uma característica. E, a partir desse ponto, desse ângulo de visão, pode-se entender a característica ou o processo como um todo. 

Quando o processo que estamos resolvendo no período de 21 dias é algo “imposto por nós mesmos” e que se tornou inconsciente (como uma situação de perda que gera uma energia de negação ou procrastinação que impede atos futuros ou a conclusão de projetos de vida) e isso perdura por muitos anos e décadas, é preciso ter ainda mais atenção aos detalhes, às intuições, às informações que nos chegam em horários que não estamos realizando meditações, mas que ocorrem como pequenas lembranças. Temos que ter a presença de espírito para fazermos as associações mentais necessárias e para entendermos que, muitas vezes, boicotamos nossa vida com ordens negativas. E essas ordens permanecem por tantos anos que não nos damos conta de que aquilo estava ocorrendo, podando-nos. Dessa maneira, precisamos estar muito atentos aos mínimos detalhes, tendo consciência de que, quando as informações apareçam, elas deverão ser trabalhadas mesmo após o período dos 21 dias iniciais. O primeiro período vai servir para desbloquear as informações e características. O período de recesso vai amadurecer muitas informações que vão, ainda, demorar algum tempo para que tenham seu efeito real em nossas vidas. Por isso, é preciso persistir ou permanecer com o pensamento da resolução. 

Os cuidados com os ciclos de pensamento, de humor, são muito importantes. Anotar e avaliar quando há variações comuns de humor, períodos nos quais estamos mais sensíveis, verificando se são de ordem emocional ou hormonal. Pode-se anotar em quadro, que servirá para análise. As questões mais profundas exigem certo equilíbrio da personalidade, e não podem ser trabalhadas quando, conjuntamente, afloram sintomas ou sinais de variação de humor, como os decorrentes da TPM. Seria preciso uma avaliação prévia destes períodos de variação de humor e de temperamento, que poderíamos dizer “naturais”, para escolher os momentos mais propícios para as práticas, que seriam momentos de relativo equilíbrio. 

Pensando em tudo o que temos visto até aqui, precisamos refletir sobre nossos gostos e modos de ver e ser. O que acreditamos ou defendemos é nosso pensamento ou é derivado de uma reunião de sensações e impressões, inclusive de nossas limitações e medos? O que nos conduz a sermos como cremos e vemos que somos?

Próximo tópico: 15. Sobre a cronologia quebrada

RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 13. A conversa na bolha - outras considerações e usos

05/05/2019

13. A conversa na bolha – outras considerações e usos 

Indicações 
Com a bolha, também podemos descobrir quem somos. Podemos utilizá-la como um espelho, para que nos mostre quem somos, como nos comportamos, qual nossa postura, como caminhamos, tanto nas reações emocionais como fisicamente. Ela serve para uma autoanálise muito precisa, quando nos vemos dentro dela, nas mais diversas situações, tentando entendê-las ou modificá-las. São inúmeras possibilidades de utilização da conversa na bolha:
> Para o autoconhecimento, quando apenas ficamos em silêncio – aliás, é preciso ter esse momento de meditação apenas no silêncio, sem objetivo, além do momento da conversa na bolha;
> Para dissolver características e hábitos - praticamos por 21 dias ininterruptos, preferencialmente no mesmo horário e no mesmo local;
> Para o trabalho com um trauma ou bloqueio - também durante 21 dias, mas é preciso ter plena consciência das lembranças, memórias e sensações que surjam, anotando todas e analisando se é preciso criar “conversas paralelas” para dissolver as sensações que emergem. Geralmente, a dissolução dessas lembranças que surgem como efeito do trabalho principal não leva tanto tempo, pois são fruto da dissolução da causa real;
> Para retirar um bloqueio e aquela velha forma de visão do “sempre fui assim”, tão retrógrada, que tanto limita e oprime a manifestação real de qualquer um;
> Com os Símbolos E e F - conforme veremos adiante, podemos afirmar e sentir com convicção, antes da técnica da conversa, que ficamos receptivos, abertos ao novo, para que esse novo se manifeste em nosso ser. 

Revendo os passos
Para realizar as conversas, é preciso escolher um tema ou situação por vez, realizando a prática sempre com disposição, com firmeza de propósito, para que os resultados sejam alcançados. 
É importante fazer uma lista com todos os eventos traumatizantes, negativos, montando uma história e realizando, com cada situação, uma conversa de dissolução. Veremos, em um tópico adiante, exemplos de situações para conversas. 
Quando queremos entender a vida, precisamos contar nossa história. Nossa história de vida. Primeiro, contamos para nós mesmos, mas precisa ser a história verdadeira, a história sem máscaras. Assim, vamos entender que as histórias dos outros também são importantes. Por meio das histórias de vida, podemos entender os motivos, as razões pelas quais cada um age e reage. A organização dos temas e fases da vida pode auxiliar a montar a nossa história, reconstruindo “cronologias interrompidas” e resolvendo lacunas de memória e bloqueios, muitas vezes ocasionadas por traumas. 

Todas as situações possíveis podem ser alvo da conversa com a bolha, visualizando-as dentro da bolha ou fora dela. Mas é preciso convicção, persistência e entender que as reações atuais são sempre consequências de algo ocorrido no passado, que pode ser um passado distante, como da infância ou mesmo da gestação, ou um passado recente. Pode-se usar essa força da convicção para dissolver ou ver a situação diferente. 
Podemos visualizar todas essas partes ou características ou reações, como um outro eu, personificado como um outro eu, com a nossa mesma imagem física. Visualizamos isso envolto em uma bolha que sai de nós, do nosso corpo, e fica na nossa frente. Então, conversamos com essa parte ou, simplesmente, se não for possível visualizar, mentalizamos e emitimos, com veemência, frases positivas. As frases precisam ser sempre positivas, precisas, imperativas! 
> Sentes alguma tristeza, alguma mágoa? Visualiza a sensação, a ti mesmo, o sentimento, dentro da bolha, e dissolve, deixando ir embora, sentindo ir embora. Pode ser preciso repetir algumas vezes, quando são sensações, ou apenas uma vez, para situações do cotidiano, de vida normal, mas que te deixam desconfortável ao lembrar seu desfecho.
> Em caso de constrangimento, por exemplo, pode-se ver a situação final, o desfecho de um acontecimento, sem dor, aceitável, dentro de uma convenção pessoal, abraçando-se a si mesmo no passado e trazendo a sensação para o presente.
> Em caso de abuso sofrido, é possível trabalhar nas emoções e em suas consequências conversando com a criança, tu mesmo, acolhendo-a e confortando-a e, assim, o adulto de hoje, o adulto protetor, que tu te tornas, compreende e libera as sensações da criança de então. Num primeiro momento, não entra a questão de perdão ou culpa, mas de rever e entender a situação. Dissolver a situação no passado e entender a situação no presente, desfazendo as consequências, mentalizando fortemente que a vida segue um novo rumo a partir deste momento. Dissolvendo consequências, mas reconstruindo vias para uma cronologia sadia. Nesse caso, a conversa pode ser feita para a situação como um todo, para um conjunto de abusos ou temas, por exemplo, ou para uma pessoa que tenha sido causadora de sofrimentos, que pode ser o pai, mãe ou outra pessoa.
> Pode ser feita a bolha conversando contigo mesmo, agora, com o sentido de que as características negativas, as dores guardadas, as manifestações e 
reações ao passado, sejam eliminadas: 
* conversa para dissolver mágoas ou traumas; 
* conversa para desprogramar hábitos ou características; 
* conversa para ver desfecho de situação diferente:
- voltar no tempo e ver o desfecho diferente;
- voltar no tempo, no final do dia, revendo fatos marcantes, para aprender e entender comportamentos e reações.
Toda lembrança que surja enquanto se realiza uma experiência com a bolha, precisa ser anotada. Ela poderá ser levada para a bolha no dia seguinte. Essa lembrança pode se tornar o novo foco central ou um foco paralelo de dissolução e pode levar menos tempo para ser dissolvida. Ela também indica que houve um avanço no sentido de um aprofundamento com o trabalho de resolução de uma causa profunda. 


O Sucesso na prática e a raiva positiva
No Manual do MOINTIAN, eu falei brevemente sobre a “raiva positiva”. É sabido que, se formos apenas passivos, se deixarmos os acontecimentos passarem sem uma decisão contundente e positiva, nada ocorre, nada muda, ou seremos alvos de um acaso, de alguma força movedora, que nos moveria como se fôssemos marionetes. A Raiva Positiva é aquela vontade latente por uma mudança, que não pode der confundida com a reação a um trauma, ou uma “formação reativa”. É a firmeza de propósito, necessária para que se atinja objetivos e, especialmente, para a remoção de bloqueios profundos. 
O determinante para o sucesso da visualização está em conseguirmos sentir, ver, que a projeção do que se quer é possível que aconteça. É como uma força interna que nos mostra a imagem, já pronta, do que precisamos. E isso, estabelece a diferença entre um sonho longínquo e inatingível, ou que seja derivado de uma associação mental, trauma ou padrão, de um desejo puro, real e necessário, por integrar-se com algo melhor no futuro ou com o “fluxo real de vida”. A Conversa na Bolha pode ser utilizada para trazer harmonia, para estar consciente, presente, pleno; para conquistar um objetivo, quando se complementa com a técnica para “alcançar objetivos”, que está no capítulo 5 do livro laranja. 
Nesse sentido, vemos que a técnica da visualização da bolha, para a eliminação de um hábito ou reprogramação de uma característica, pode ser usada como uma prévia para estabelecer o caminho certo pelo qual a projeção de uma vida melhor se estabeleça. Isso quer dizer que, realizando por vinte e um dias uma sequência correta de visualizações com a bolha, determinando, para si mesmo, a força para essa mudança, e estabelecendo sua necessidade, irá facilitar que a projeção seja efetivada, dado que já estará feito o caminho principal para que ela se estabeleça. Uma ideia de mentalização importante, para essa projeção de vida ideal é internalizar uma frase como: (...) e qualquer parte de mim que seja contrária a isso (...) eu elimino e dissolvo agora! 

É preciso salientar a importância de construir frases sempre positivas. Nosso cérebro não recebe o “não” contido em uma frase. Ele o transforma em “sim”. Dessa maneira, em frases como “não vou esquecer”; “não posso deixar de fazer tal coisa”; “filha, não deixa a luz acesa”, ficará o registro de “vou esquecer”, “posso deixar de fazer tal coisa”, “filha, deixa a luz acesa”. A imagem mental que aparece na construção da frase é a que irá permanecer em nossa memória. Se usamos uma frase como “nunca mais serei assim” ou “não posso continuar assim”, o efeito é o de reforçar o problema ou a característica. Assim, “nunca mudaremos nada” ou permanecemos da mesma maneira. As frases, na construção da história e da ideia para a transformação, precisam ser decisivas: preciso mudar isso! Serei diferente! Posso mudar minha vida e estar livre das interferências e opressões que tentaram me impor! Desfaço agora qualquer contrato, pacto ou convenção, que eu tenha criado ou aceito, consciente ou inconscientemente, e torno-me livre, pronto para assumir uma nova fase da minha vida! São exemplos de afirmações diretas e positivas. Expressam o conceito da “raiva positiva” e mostram que o comando está em nós mesmos. 
É importante analisarmos esse ponto e entendermos a maneira como o cérebro funciona, no aspecto das afirmações. Elaborando uma ordem afirmativa, mas que tem efeito de negação ou que seja o contrário do que precisamos, destrói a possibilidade de mudança e de transformação. 
É preciso entender que um processo de reconstrução importante leva 21 dias para se realizar. Se, por qualquer motivo, houver uma falha de um dia sequer, será preciso reiniciar todo o processo. 
É preciso entender que muitos fatores, justamente por consequência desse trabalho interno emergindo do nosso interior, podem se manifestar como força contrária à sua modificação. Poderá ocorrer de que, em um dia de prática, precisemos reiniciar a tentativa da visualização por três ou quatro vezes até que consigamos realizar corretamente a prática. Além disso, é importantíssimo entender que cada dia é especial e único e que todas as informações precisam se devidamente anotadas, mesmo que pareçam insignificantes ou ilusórias. Elas precisam ser analisadas no decorrer do processo.


Próximo tópico: 14. Análise das consequências


RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 11. Antes da conversa; 12. Temas e fases

18/04/2019

11. Antes da prática da conversa 

Antes de iniciar a prática da conversa para as resoluções, é necessário que se tenha praticado, várias vezes, o Exercício Básico Para Meditação, EBM, e alcançado o Estado Intermediário de consciência, que é aquela sensação de bem-estar e silenciamento dos sentidos. O EBM pode ser encontrado no livro laranja, ou no arquivo de áudio do CD gravado para essa finalidade. 

É importantíssimo que tenhamos entendido como parar de remoer sentimentos e pensamentos. A meditação traz, como um dos primeiros efeitos, o silenciamento dos ruídos, ajudando a aquietar a mente. Simbólica e metaforicamente, ajuda a montar o quebra-cabeça de nosso ser, permitindo mostrar, de maneira organizada, as peças que nossos pensamentos e nossos sentimentos espalharam. Quando a mente fica calma, e tudo se ajusta, é comum que as preocupações ou as ocupações imediatas percam o sentido, possibilitando que direcionemos nossa atenção, de forma mais tranquila e natural, para o que seja realmente importante. Tirando o peso de certos ruídos cotidianos imediatos, podemos fazer o juízo correto de uma série de eventos e fatos que possibilitem ajustar a vida, tornando-a mais leve, ou que possamos tomar decisões adequadas em situações conflitantes. Esse é o equilíbrio ou a harmonia que muitos relatam quando iniciam suas práticas de meditação. Num nível avançado, pode-se trabalhar com a intenção voltada a transformar aspectos importantes da vida. É nisso que trabalharemos aqui. 
Após estar familiarizado com o EBM, é preciso estabelecer um Local de Conforto, que é um acréscimo ao exercício. Sossegado, protegido, harmonioso, nesse “local” podemos neutralizar, separar e dissolver quaisquer características, forças ou traumas que tenhamos sofrido ou causado. A definição do Local de Conforto está no capítulo 6.2 do livro laranja e é o exercício 3, faixa 6, do CD de meditação. 
Depois que criamos o “local de conforto”, podemos ter certeza de que tudo que realizarmos, todas as conversas e lembranças que tivermos, não nos afetarão, pois estaremos seguros, protegidos pela excelente vibração e harmonia que depositamos nesse local criado. Assim, podemos passar para a visualização e a conversa propriamente dita. 
Para todas as práticas, é necessário entrar no EI, ou estar próximo a ele, com o corpo bem relaxado, para que se possa seguir com o exercício proposto e iniciar a conversa. 

Vamos ver o procedimento da “Conversa na Bolha”, conforme descrito no livro laranja: 

“(...) Tem dois aspectos: aquilo que precisa ser eliminado e aquilo que precisa ser recuperado.
(...) É possível conversar com o aspecto a ser eliminado. Uma conversa sincera e com todos os pontos e argumentos previamente listados ou examinados pode ser definitiva para que possamos retirar uma característica negativa para nós. Pode-se, com isso, conseguir compreender melhor um aspecto que não possa ser modificado, mas que possa ser melhorado. É possível fazer isso em relação a si mesmo e a outra pessoa.
(...) A fórmula é sempre a mesma: 
motivação, EBM, EI, visualização, esquecimento 

Acrescenta-se, na técnica da bolha, justamente uma espécie de bolha, cobrindo o aspecto a ser eliminado, em ti mesmo, em volta de ti mesmo ou como se fosse outra pessoa. Há duas possibilidades, então:
1. visualizar a bolha em volta de ti, para que quando ela se dissolva também se dissolva o aspecto negativo;
2. visualizar o aspecto a ser eliminado como sendo uma “outra pessoa”, que ficará na tua frente, envolvida na bolha e pronta para a conversa.
A bolha deve ser transparente, impenetrável, maleável e possibilitar a comunicação. Deve ser visualizada preferencialmente na cor dourada, mas também pode ser azulada, transparente.
O aspecto principal do exercício com a bolha é que o momento do esquecimento é o momento que a bolha se dissipa, dissolvendo junto a característica negativa ou o problema com determinada pessoa.
A motivação neste processo é uma lista de argumentos previamente elaborada que não deixará dúvidas quanto à necessidade de dissolver o problema. Não deixará dúvidas para tua mente, que fique claro.
Novamente detalhando, sempre iniciamos com o EBM e, quando atingimos o Estado Intermediário, podemos iniciar a visualização e já levar o aspecto envolto na bolha dourada para uma “conversinha”.
Quando a conversa estiver bem clara, com vontade visualiza a bolha estourando, dissolvendo-se, como uma bolha de sabão, mas ela dissolve, elimina totalmente o aspecto da conversa. Some, sem deixar vestígio algum. É importante não deixar qualquer vestígio. Podes permanecer mais algum tempo no estado meditativo ou podes ir para o teu local de conforto por alguns instantes.” JARDIM. Práticas Para a Meditação Livre. 7.2. Dissolver. P. 63-4.
 

Precisamos, agora, analisar profundamente cada passo da prática, entendendo perfeitamente o seu fundamento. 
Já vimos que é essencial ter praticado o EBM e reconhecer, minimamente que seja, o Estado Intermediário. É preciso ter “criado” ou pelo menos sentido o local de conforto, estabelecendo uma segurança interna.

Agora, vamos iniciar a entender a argumentação, ou os motivos que nos levam a querer transformar algum fato, evento ou característica. Tudo isso precisa ser entendido para que a visualização seja correta e, posteriormente, os efeitos sejam sentidos. 
A motivação, definida no livro laranja, como “o objetivo, o que eu quero,”, pode ser o sintoma imediato, o que nos traz inquietação, ou a causa real e profunda, quando já estiver reconhecida. É, também, o que pode ser trazido à tona pela própria prática. 


12. Temas ou fases 

Quando temos muitas situações de conflito, podemos separar as “conversas” por fases ou ciclos de vida, e por temas originais: 
Fases ou ciclos: primeira infância; adolescência; casa da avó; mudança de família; parentes; adolescência; escola; etc. 

Temas originais: 
rejeição, pode originar-se desde o útero e tem muito reflexo na sexualidade e na inferioridade sentida, causando reações em diferentes etapas da vida e em todas as formas de relacionamentos;
abuso, que pode dar origem a outros problemas de sexualidade, inferioridade e a rejeição do próprio corpo, de que se esteja “errado” no próprio corpo e em si mesmo;
opressão, que geram o enclausuramento, inferioridade, perda de vitalidade e força de vontade.
culpas, ou “o que fiz”, quando nos damos conta de que causamos um sofrimento, devemos fazer a conversa da mesma maneira, visualizando nossas reações e comportamentos diferentes e a situação tendo um desfecho ameno. Analisamos essa parte em detalhes no tópico 3. 
Esses poderão ser os temas originais, que desencadeiam os pensamentos negativos ou modos de vida que aprisionam, bloqueando a manifestação plena. Corretamente analisados, dissolvem suas influências em nossa vida. Os tipos de trauma conhecidos pela psicologia podem ser acrescentados à lista de temas. 
Ao nomear fases ou temas, devemos entendê-las como palavras-chave que são a origem de sentimentos e complexos que interferem na manifestação da vida. Então, precisamos analisar isso tudo de forma absolutamente transparente. É preciso entender que muitos sofrimentos dão origem a pensamentos de reclusão, inferioridade, de que a humanidade é ruim, de que não podemos conquistar nosso lugar no mundo. É preciso entender com profundidade os nossos esquemas mentais e nossos processos psicológicos para poder diferenciar reações a sentimentos e complexos, de espiritualidade profunda, como sendo aquela que entende os enganos do mundo. Somente quando resolvermos, de fato e profundamente, as principais causas de nossos problemas e frustrações, podemos entender o mundo e o que está além dele. 
É preciso entender onde tudo isso interfere na vida, impedindo que ela seja plena e alegre. Durante o processo, e a cada conversa na bolha, é importante afirmar, com veemência, que estás livre, que aquilo não tem mais influência na tua vida. 

Assim, vamos construindo uma base sólida de conhecimentos sobre quem somos e o que nos impede de estarmos plenos. Essa base nos transforma no adulto protetor que vai fazer o papel de transformador de sentimentos negativos, que vai sublimar as emoções e, com isso, trazer nossa consciência para o presente e construir o nosso futuro. As práticas vão trazendo à tona importantes fatos, quando ficamos conscientes, e sensações, quando não estamos totalmente cientes. Essas sensações precisam ser analisadas, anotadas e colocadas novamente na bolha até que sejam dissolvidas. 

Próximos tópicos:
13. A Conversa na Bolha - outras considerações e utilizações;
14. Formas de visualizar a bolha.


RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 10. Mecanismos de Defesa e Dramatizações

11/04/2019

10. Mecanismos de defesa e dramatizações 

O autoconhecimento envolve estar ciente dos principais mecanismos cerebrais, mentais, psíquicos. Saber que escondemos fatos, de nós mesmos, ou que podemos estar vendo o mundo de uma maneira própria apenas para que possamos suportar uma dor ou uma frustração, é essencial para que consigamos perceber nossa forma de atuação no mundo. Se, para qualquer pessoa, o cérebro comanda praticamente todas as decisões (o inconsciente decide muito mais que o consciente), para uma pessoa que tenha tido sua cronologia de vida interrompida por fatos traumáticos isso é muito mais claro e verdadeiro. É preciso entender que podemos estar vivendo de acordo com mecanismos de defesa, a saber: repressão (evita a realidade); negação (exclui a realidade); racionalização (redefine a realidade); formação reativa (inverte a realidade); isolamento (divide a realidade); regressão (escapa da realidade); projeção (coloca sentimentos na realidade). Não é necessário entender tudo isso de maneira consciente, nem é necessário estudar toda a obra de Freud, que definiu magistralmente esses mecanismos, para sabermos que reproduzimos muitos deles em alguma etapa de nossa vida ou que, de alguma maneira, vivemos praticamente cegos sobre os motivos que nos levam a sermos como somos, a gostar do que gostamos, a querer o que queremos... porque não podemos perceber o que manifestamos para nos proteger ou para escondermos o que nos desagrada. 

É preciso entender que temos um verdadeiro mundo próprio, quando usamos nossa representação mental para entender e viver nesse mundo. Se tudo é uma representação, e essa representação pode ser o que comanda a “fábrica de caminhos neurais”, podemos utilizar tudo isso, que nos comanda de maneira inconsciente, revertendo-os em nosso benefício. Podemos utilizar mecanismos para realizar, em nosso cérebro, em nossa mente, em nossa psique, o trabalho de dissolução de fatos traumáticos, negativos ou prejudiciais. 
Nossa técnica, a “Conversa na Bolha”, pode ser corroborada pelas teorias apresentadas na representação mental, teatro psíquico ou dramatização. Elas podem trazer-nos explicações sobre o que ocorre quando, com um mecanismo de defesa, produzimos uma representação do mundo para nós mesmos; Usando as ferramentas mentais com o “teatro interno”, podemos solucionar um fato obscuro ou escondido, dominando-o e retirando sua força. 


A Dissolução e a Conversa na Bolha 
A “Conversa na Bolha” é uma representação mental com a qual assumimos um papel de “adulto” ou superego completo, ou mestre da existência, ou uma essência desperta para nós mesmos. 
A conversa na bolha é uma forma de dramatização consciente que nos auxilia a sermos transformadores de nossa própria existência. Com ela, podemos assumir nossas falhas e erros, mas de forma adulta, como verdadeiros tutores de nossa existência passada. Assumimos o papel daquele que orienta, indica, acolhe, protege, mas é severo, porque vai querer eliminar aquela velha forma de posicionamento. Esse mesmo mecanismo será utilizado para o caso de sofrimentos: Assumimos a forma de um tutor maduro, que vai até os momentos de sofrimento e dor, acolhe, protege, retira a tristeza, compreende, faz assumir que certas decisões foram tomadas por falta de maturidade ou pela incapacidade de compreender as situações de maneira plena, mas que está ali para mostrar que a vida segue e pode ser alegre. 


Origem da conversa na bolha 
A “Conversa na Bolha” é a nossa principal ferramenta de trabalho para os aspectos da personalidade, tanto para iniciados no MOINTIAN como para leitores iniciantes. Ela nos ajuda a isolar um problema, uma situação, uma reação ou um fato, de maneira que possamos nos sentir protegidos e confortáveis. 

A primeira referência sobre a “Conversa na Bolha”, está registrada no livro Os Incríveis Seres de Dois Mundos, nas páginas 132 e 133, quando o personagem Joca descreve como conseguia reverter uma situação desagradável. Depois, eu apresento a técnica no livro Práticas Para a Meditação Livre, no capítulo 7.2. A partir deste tópico eu a apresentarei em detalhes, com suas variadas utilizações e com exemplos práticos. 
Na década de 1990, eu estava dedicado ao meu autoconhecimento. Eu estava tentando entender os meus desvios de conduta, os meus hábitos, as minhas qualidades e as minhas percepções. Foi quando iniciaram a surgir, como fruto de profundas meditações, os caminhos para que eu entrasse profundamente na minha psique e corrigisse o que fosse necessário. Várias ferramentas surgiam, possibilitando romper com traços e características que não estivessem de acordo com o meu processo evolutivo. Elas foram decisivas no meu processo interno. 
Com o surgimento do MOINTIAN, eu as considerei muito básicas, pois eram referentes ao conhecimento da personalidade. Por isso, ficaram fora do treinamento espiritual para a ascensão proposto no Método. 
Muitos anos depois, eu notei que os alunos não conseguiam fazer a relação entre as autoaplicações, com a energia do Método, e os momentos de profunda meditação e autoconhecimento, utilizando-se do acréscimo das ferramentas oferecidas, e decidi escrever o livro Práticas Para a Meditação Livre, de capa laranja. Nele, expus as técnicas básicas para o trabalho com a meditação, no sentido de despertar o autoconhecimento, listando algumas das ferramentas que utilizava naqueles anos passados. Por isso, formulei o livro como um curso básico para a construção e análise da personalidade. 
Logo, algumas questões de cunho profundo foram feitas, o que tornou importante realizar um trabalho que esclarecesse sobre a filosofia do Método e indicasse um caminho para aprofundar o autoconhecimento. Isso foi feito com o livro Uma Nova Consciência Para Uma Nova Humanidade, de capa verde. 
Agora, este trabalho aprofunda aquela semente, dando uma explicação mais detalhada sobre a maneira de realizar as meditações e para corrigir determinadas características da personalidade de modo prático. 

Próximos tópicos: 

11. Antes da Conversa na Bolha 
12. Temas ou Fases

RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 8. O que é programação mental? / 9. Como visualizar


30/03/2019

RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - PARTE VI
A PRÁTICA DE RESOLUÇÃO – A CONVERSA NA BOLHA 


8. O que é a programação mental? Como realizar? 

Um caminho neural pode ser entendido como a forma que o cérebro grava um conhecimento, um padrão, um trauma, um medo, um bloqueio, uma forma de comportamento. Quando se estabelece, deixa um mapa de como as reações e sentimentos devem ser interpretados, determinando as formas de ação, reação e de pensamentos de uma pessoa. Dessa maneira, uma vez estabelecido, desfazer ou refazer um padrão de comportamento ou reação, exige um processo consciente e disciplinado. É isso que justifica a tomada de consciência e o autoconhecimento para que se possa desprogramar ou reprogramar as nossas reações e sentimentos. 
É sabido que o cérebro leva um tempo para que consiga refazer ou desfazer um caminho neural. Um caminho neural é a maneira como, por exemplo, um conhecimento se instala. Isso também serve para um hábito ou uma característica. Quando se fala que podemos modificar hábitos ou características, devemos seguir determinadas “regras” do próprio cérebro para que isso seja possível. Com a forma que ensino, pelo afastamento ou pela dissolução, estou querendo dizer que podemos dar uma ordem ao cérebro para que desfaça um caminho antigo e crie um novo, que estabelece um novo hábito ou característica. É como aprender algo complexo. Exige disciplina e dedicação, mas, com o tempo certo, torna-se um processo automático ou um hábito. 
Quando alguém não se conhece, não entende seus comportamentos e as formas de organizar seu pensamento para elaborar e interpretar seus sentimentos, dizemos que a pessoa está cega para si mesma, cega para a maneira como vive e como reage ao mundo. 


Os melhores horários para as práticas 
pela manhã - logo cedo, como a primeira coisa a ser feita, e sem nenhuma atividade mental ou distração, como nas redes sociais, ou notícias, por exemplo;
à noite - como a última coisa a ser feita, desde que se recolha cedo para um ambiente sossegado. É preciso deixar um tempo para a absorção da experiência antes do sono. 

O período de prática 

Deve-se levar um período de vinte e um dias, ininterruptos, para estabelecer a nova característica ou eliminar uma influência de nossa vida. A atitude mental deve ser firme e, durante o dia, permanecer com o pensamento na conquista. 
Essa é a regra geral do cérebro para a programação mental. É uma lei aceita e eficaz, quando se segue diligentemente o processo. 

Quando a programação é parte do processo de descoberta e dissolução de traumas, mais que de programação ou desprogramação de características, e após o trabalho inicial de descoberta das causas reais, os horários podem ser pela manhã e/ou no início da tarde, mas nunca como a última coisa a ser realizada a noite, devido à profundidade da experiência e à possibilidade de reviver certos dramas perturbadores. 


O ambiente da prática 

É preciso ter um local sossegado no qual se possa permanecer em silêncio e sem interrupção por, no mínimo, quarenta minutos. 
Deve-se criar uma atmosfera harmoniosa e observar alguns parâmetros iniciais, como: 

- Estabelecer uma disciplina para a prática, pois o período inicial de 21 dias precisa ser respeitado;
- Estar familiarizado com o Exercício Básico Para Meditação (EBM);
- Criar um Local de Conforto, conforme definido no livro Práticas Para a Meditação Livre, e que será comentado no tópico 10. 

9. Como visualizar e o tempo de prática de resolução

Para a realização dos procedimentos, devem ser dedicados entre 30 e 40 minutos diários. A prática do Exercício Básico Para Meditação, EBM, fica entre 15 e 20 minutos e a prática da visualização e conversa não deve exceder 10 minutos diários. 

Para cada situação, uma prática. Se muitas situações são semelhantes, pode-se iniciar trabalhando com o conjunto, ou “tema”, conforme será definido no tópico 11, por um período de 21 dias. O período de 21 dias é essencial para que as memórias despertem ou para que as causas reais apareçam ou sejam descortinadas. Após isso, pode-se trabalhar com as causas descobertas, separadamente, por mais algumas vezes, até que seja possível sentir a dissolução. Deve ser identificado que algum resultado tenha sido atingido. Se for necessário, não há problema em realizar mais vezes, atingindo um total de um mês de trabalho de resolução. Após isso, se ainda persistem sintomas e características, será necessário parar por cerca de dez dias para recomeçar um novo ciclo. Frequentemente, é nesse período de parada dos exercícios que se estabelece um novo padrão de consciência, isso quando as resoluções não acontecem no período das práticas. 

Antes de iniciar, é aconselhável fazer uma lista criteriosa, analisando, por exemplo, os abusos sofridos, as mágoas, os medos e também as culpas. Tudo isso precisa ficar organizado por temas, períodos de vida e pessoas. A análise escrita é essencial para a organização das ideias e para que o trabalho seja efetivo e rápido. 
No entanto, se a prática for realizada apenas para amenizar, dissolver ou retirar a importância de um fato ou situação do cotidiano, não é necessário realizar por 21 dias. Realiza-se apenas um ou duas vezes, ou conforme seja possível sentir que os efeitos foram atingidos. Para iniciados, há uma prática específica para esse caso, com a utilização de símbolos, no tópico 16. 


Resumo do tópico 9: 
- primeiras vezes: 30 minutos 20 minutos para o EBM e 10 minutos para a conversa na bolha;
- 21 dias para estabelecer “conexão” com a memória;
- mais alguns dias, no máximo de 10, para trabalhar nas causas e para encontrar respostas;
- pausa de 10 dias, quando não se encontra resultados;
- retomada.
- os casos simples não precisam de repetição, basta sentir o resultado;
- nos casos mais complexos, é após o ciclo inicial que afloram os sentimentos e reações. Portanto, a continuação é importante. Deve perdurar até que os sintomas ou reações amenizem e até que, como efeito, ocorra o afastamento ou o distanciamento das reações. A lembrança fica, mas as reações diminuem até o ponto de serem reconhecidas, mas não interferirem no cotidiano. 
Essa é apenas uma apresentação dos passos, para o que se define como “programação mental”. É a base para entender o funcionamento dos mecanismos mentais que permitem a dissolução de um evento ou a aproximação, por mentalização, de algo necessário para uma mudança efetiva. Veremos claramente todos esses passos adiante, a partir do tópico 11. E, no final, um resumo com os passos claros e outros exemplos de utilização. 


Próximos tópicos: 

10. A Dissolução e a Conversa na Bolha; 
11. Temas ou Fases.