15/03/2019
6. Ainda sobre os sete pecados capitais
Conforme vemos no livro Uma Nova Consciência Para Uma Nova Humanidade, os praticantes e membros de determinadas correntes espiritualistas estavam acostumados a lidar contra os sete pecados capitais.
“A maioria das escolas, métodos e tradições mais antigas, davam uma ênfase muito grande ao processo que chamavam de eliminar defeitos do ego, características negativas do ego ou defeitos da personalidade. Com isso, seus alunos ficavam muito focados nos seus conflitos e problemas. A ênfase nos defeitos gerava muita frustração, muita expectativa e muita comparação entre os membros de tais escolas, que queriam saber: será que já eliminei tudo o que preciso? Será que eu fantasiei o resultado? Será que fulano já superou seus obstáculos? Será que estou querendo ser melhor que os outros? Será que estou muito pior que os outros? Gerava, portanto, muita comparação entre os companheiros de jornada, policiamento entre os membros e frustrações diversas, quando se achavam abaixo da média esperada. Isso sem falar que as ferramentas utilizadas no processo de eliminação de tais características estão todas desatualizadas.
“Para resolvermos um conflito precisamos entrar em um estado de consciência no qual possamos estar livres de determinados problemas ou de determinadas manifestações negativas de nossa personalidade. Essas manifestações negativas podem estar relacionadas com aquelas que ficaram conhecidas tradicionalmente como os sete pecados capitais, a saber: ira, inveja, gula, cobiça, orgulho, luxúria e preguiça.” Uma Nova Consciência Para Uma Nova Humanidade. Cap. 4.1.
Esses métodos baseavam suas práticas no pressuposto de que deveriam eliminar diretamente cada um desses “pecados” ou “características do ego”, que seriam, sempre, negativas. No entanto, sabemos que isso gerou e gera uma série de desordens, podendo desencadear outros processos psicológicos mais profundos. Na verdade, era atacar apenas um sintoma, conforme vimos até aqui, e não a origem real de um problema. Se alguém simplesmente lutar para eliminar sua raiva, estará lutando contra um sintoma, uma reação, mas não para eliminar a causa real de seu problema. A luta direta contra um “defeito”, como designavam, pode ser ainda mais repressora. Parecendo resolver algo, essa luta desloca mais para o fundo da consciência algo que precisaria ser analisado e dissolvido.
A proposta da análise por dissolução soluciona esse problema, pois vai na busca pela causa real, para sua possível dissolução. No livro verde, eu falo especificamente do “afastamento”. Mas aqui, buscamos ir mais profundamente nas causas.
Além disso, é preciso entender que esses “pecados”, também têm dois aspectos, os extremos, que são igualmente negativos ou perigosos: são sintomas!
Ira - define-se como a raiva excessiva por uma situação ou pessoa e que pode ser voltada contra si mesmo, quando nos agredimos como compensação, por um problema profundo; é o rancor, desejo de destruição. Em seu extremo oposto encontra-se a passividade e a complacência exageradas;
Inveja - deseja o que o outro tem, não se satisfaz consigo mesmo, nem com sua vida. No extremo oposto, entra a apatia e passividade, indiferença e desamor.
Gula - é o apego ao mundo e ao excesso descontrolado. Sua contraparte pode ser, em casos extremos, a anorexia, a incapacidade de ingerir alimentos, e o desgosto pela vida em si.
Cobiça - que muitos grupos mais ortodoxos relacionam com a gula, pelo descontrole e o desejo pelo alheio, é também o ciúme, ou em sentido oposto, o desgosto e a depressão.
Orgulho – orgulho manifestado como arrogância, presunção, pode ter sua contraparte extrema como excessiva passividade, falta de amor próprio, bajulação, servilismo.
Luxúria - como identificação ao mundo material e ao prazer exagerado, por um lado e, por outro, pode ser a perda da energia vital por uso excessivo ou por problema físico, como impotência e frigidez, e também a perda da identidade, resultando em desequilíbrio intenso.
Preguiça - como negligência, procrastinação, aversão ao cuidado próprio, e depressão, tem sua contraparte na excessiva vaidade e no perfeccionismo excessivo.
Em outro aspecto, ou com uma definição mais ortodoxa, definem-se assim os pecados, que são aspectos negativos, e as virtudes, que correspondem aos aspectos positivos:
Soberba – Humildade; Avareza – Generosidade; Luxúria – Castidade; Ira – Paciência; Gula – Temperança; Inveja – Caridade; Preguiça Diligência.
Próximo tópico: 7. O lado positivo das emoções e a autotransformação
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