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RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 11. Antes da conversa; 12. Temas e fases

18/04/2019

11. Antes da prática da conversa 

Antes de iniciar a prática da conversa para as resoluções, é necessário que se tenha praticado, várias vezes, o Exercício Básico Para Meditação, EBM, e alcançado o Estado Intermediário de consciência, que é aquela sensação de bem-estar e silenciamento dos sentidos. O EBM pode ser encontrado no livro laranja, ou no arquivo de áudio do CD gravado para essa finalidade. 

É importantíssimo que tenhamos entendido como parar de remoer sentimentos e pensamentos. A meditação traz, como um dos primeiros efeitos, o silenciamento dos ruídos, ajudando a aquietar a mente. Simbólica e metaforicamente, ajuda a montar o quebra-cabeça de nosso ser, permitindo mostrar, de maneira organizada, as peças que nossos pensamentos e nossos sentimentos espalharam. Quando a mente fica calma, e tudo se ajusta, é comum que as preocupações ou as ocupações imediatas percam o sentido, possibilitando que direcionemos nossa atenção, de forma mais tranquila e natural, para o que seja realmente importante. Tirando o peso de certos ruídos cotidianos imediatos, podemos fazer o juízo correto de uma série de eventos e fatos que possibilitem ajustar a vida, tornando-a mais leve, ou que possamos tomar decisões adequadas em situações conflitantes. Esse é o equilíbrio ou a harmonia que muitos relatam quando iniciam suas práticas de meditação. Num nível avançado, pode-se trabalhar com a intenção voltada a transformar aspectos importantes da vida. É nisso que trabalharemos aqui. 
Após estar familiarizado com o EBM, é preciso estabelecer um Local de Conforto, que é um acréscimo ao exercício. Sossegado, protegido, harmonioso, nesse “local” podemos neutralizar, separar e dissolver quaisquer características, forças ou traumas que tenhamos sofrido ou causado. A definição do Local de Conforto está no capítulo 6.2 do livro laranja e é o exercício 3, faixa 6, do CD de meditação. 
Depois que criamos o “local de conforto”, podemos ter certeza de que tudo que realizarmos, todas as conversas e lembranças que tivermos, não nos afetarão, pois estaremos seguros, protegidos pela excelente vibração e harmonia que depositamos nesse local criado. Assim, podemos passar para a visualização e a conversa propriamente dita. 
Para todas as práticas, é necessário entrar no EI, ou estar próximo a ele, com o corpo bem relaxado, para que se possa seguir com o exercício proposto e iniciar a conversa. 

Vamos ver o procedimento da “Conversa na Bolha”, conforme descrito no livro laranja: 

“(...) Tem dois aspectos: aquilo que precisa ser eliminado e aquilo que precisa ser recuperado.
(...) É possível conversar com o aspecto a ser eliminado. Uma conversa sincera e com todos os pontos e argumentos previamente listados ou examinados pode ser definitiva para que possamos retirar uma característica negativa para nós. Pode-se, com isso, conseguir compreender melhor um aspecto que não possa ser modificado, mas que possa ser melhorado. É possível fazer isso em relação a si mesmo e a outra pessoa.
(...) A fórmula é sempre a mesma: 
motivação, EBM, EI, visualização, esquecimento 

Acrescenta-se, na técnica da bolha, justamente uma espécie de bolha, cobrindo o aspecto a ser eliminado, em ti mesmo, em volta de ti mesmo ou como se fosse outra pessoa. Há duas possibilidades, então:
1. visualizar a bolha em volta de ti, para que quando ela se dissolva também se dissolva o aspecto negativo;
2. visualizar o aspecto a ser eliminado como sendo uma “outra pessoa”, que ficará na tua frente, envolvida na bolha e pronta para a conversa.
A bolha deve ser transparente, impenetrável, maleável e possibilitar a comunicação. Deve ser visualizada preferencialmente na cor dourada, mas também pode ser azulada, transparente.
O aspecto principal do exercício com a bolha é que o momento do esquecimento é o momento que a bolha se dissipa, dissolvendo junto a característica negativa ou o problema com determinada pessoa.
A motivação neste processo é uma lista de argumentos previamente elaborada que não deixará dúvidas quanto à necessidade de dissolver o problema. Não deixará dúvidas para tua mente, que fique claro.
Novamente detalhando, sempre iniciamos com o EBM e, quando atingimos o Estado Intermediário, podemos iniciar a visualização e já levar o aspecto envolto na bolha dourada para uma “conversinha”.
Quando a conversa estiver bem clara, com vontade visualiza a bolha estourando, dissolvendo-se, como uma bolha de sabão, mas ela dissolve, elimina totalmente o aspecto da conversa. Some, sem deixar vestígio algum. É importante não deixar qualquer vestígio. Podes permanecer mais algum tempo no estado meditativo ou podes ir para o teu local de conforto por alguns instantes.” JARDIM. Práticas Para a Meditação Livre. 7.2. Dissolver. P. 63-4.
 

Precisamos, agora, analisar profundamente cada passo da prática, entendendo perfeitamente o seu fundamento. 
Já vimos que é essencial ter praticado o EBM e reconhecer, minimamente que seja, o Estado Intermediário. É preciso ter “criado” ou pelo menos sentido o local de conforto, estabelecendo uma segurança interna.

Agora, vamos iniciar a entender a argumentação, ou os motivos que nos levam a querer transformar algum fato, evento ou característica. Tudo isso precisa ser entendido para que a visualização seja correta e, posteriormente, os efeitos sejam sentidos. 
A motivação, definida no livro laranja, como “o objetivo, o que eu quero,”, pode ser o sintoma imediato, o que nos traz inquietação, ou a causa real e profunda, quando já estiver reconhecida. É, também, o que pode ser trazido à tona pela própria prática. 


12. Temas ou fases 

Quando temos muitas situações de conflito, podemos separar as “conversas” por fases ou ciclos de vida, e por temas originais: 
Fases ou ciclos: primeira infância; adolescência; casa da avó; mudança de família; parentes; adolescência; escola; etc. 

Temas originais: 
rejeição, pode originar-se desde o útero e tem muito reflexo na sexualidade e na inferioridade sentida, causando reações em diferentes etapas da vida e em todas as formas de relacionamentos;
abuso, que pode dar origem a outros problemas de sexualidade, inferioridade e a rejeição do próprio corpo, de que se esteja “errado” no próprio corpo e em si mesmo;
opressão, que geram o enclausuramento, inferioridade, perda de vitalidade e força de vontade.
culpas, ou “o que fiz”, quando nos damos conta de que causamos um sofrimento, devemos fazer a conversa da mesma maneira, visualizando nossas reações e comportamentos diferentes e a situação tendo um desfecho ameno. Analisamos essa parte em detalhes no tópico 3. 
Esses poderão ser os temas originais, que desencadeiam os pensamentos negativos ou modos de vida que aprisionam, bloqueando a manifestação plena. Corretamente analisados, dissolvem suas influências em nossa vida. Os tipos de trauma conhecidos pela psicologia podem ser acrescentados à lista de temas. 
Ao nomear fases ou temas, devemos entendê-las como palavras-chave que são a origem de sentimentos e complexos que interferem na manifestação da vida. Então, precisamos analisar isso tudo de forma absolutamente transparente. É preciso entender que muitos sofrimentos dão origem a pensamentos de reclusão, inferioridade, de que a humanidade é ruim, de que não podemos conquistar nosso lugar no mundo. É preciso entender com profundidade os nossos esquemas mentais e nossos processos psicológicos para poder diferenciar reações a sentimentos e complexos, de espiritualidade profunda, como sendo aquela que entende os enganos do mundo. Somente quando resolvermos, de fato e profundamente, as principais causas de nossos problemas e frustrações, podemos entender o mundo e o que está além dele. 
É preciso entender onde tudo isso interfere na vida, impedindo que ela seja plena e alegre. Durante o processo, e a cada conversa na bolha, é importante afirmar, com veemência, que estás livre, que aquilo não tem mais influência na tua vida. 

Assim, vamos construindo uma base sólida de conhecimentos sobre quem somos e o que nos impede de estarmos plenos. Essa base nos transforma no adulto protetor que vai fazer o papel de transformador de sentimentos negativos, que vai sublimar as emoções e, com isso, trazer nossa consciência para o presente e construir o nosso futuro. As práticas vão trazendo à tona importantes fatos, quando ficamos conscientes, e sensações, quando não estamos totalmente cientes. Essas sensações precisam ser analisadas, anotadas e colocadas novamente na bolha até que sejam dissolvidas. 

Próximos tópicos:
13. A Conversa na Bolha - outras considerações e utilizações;
14. Formas de visualizar a bolha.


RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 10. Mecanismos de Defesa e Dramatizações

11/04/2019

10. Mecanismos de defesa e dramatizações 

O autoconhecimento envolve estar ciente dos principais mecanismos cerebrais, mentais, psíquicos. Saber que escondemos fatos, de nós mesmos, ou que podemos estar vendo o mundo de uma maneira própria apenas para que possamos suportar uma dor ou uma frustração, é essencial para que consigamos perceber nossa forma de atuação no mundo. Se, para qualquer pessoa, o cérebro comanda praticamente todas as decisões (o inconsciente decide muito mais que o consciente), para uma pessoa que tenha tido sua cronologia de vida interrompida por fatos traumáticos isso é muito mais claro e verdadeiro. É preciso entender que podemos estar vivendo de acordo com mecanismos de defesa, a saber: repressão (evita a realidade); negação (exclui a realidade); racionalização (redefine a realidade); formação reativa (inverte a realidade); isolamento (divide a realidade); regressão (escapa da realidade); projeção (coloca sentimentos na realidade). Não é necessário entender tudo isso de maneira consciente, nem é necessário estudar toda a obra de Freud, que definiu magistralmente esses mecanismos, para sabermos que reproduzimos muitos deles em alguma etapa de nossa vida ou que, de alguma maneira, vivemos praticamente cegos sobre os motivos que nos levam a sermos como somos, a gostar do que gostamos, a querer o que queremos... porque não podemos perceber o que manifestamos para nos proteger ou para escondermos o que nos desagrada. 

É preciso entender que temos um verdadeiro mundo próprio, quando usamos nossa representação mental para entender e viver nesse mundo. Se tudo é uma representação, e essa representação pode ser o que comanda a “fábrica de caminhos neurais”, podemos utilizar tudo isso, que nos comanda de maneira inconsciente, revertendo-os em nosso benefício. Podemos utilizar mecanismos para realizar, em nosso cérebro, em nossa mente, em nossa psique, o trabalho de dissolução de fatos traumáticos, negativos ou prejudiciais. 
Nossa técnica, a “Conversa na Bolha”, pode ser corroborada pelas teorias apresentadas na representação mental, teatro psíquico ou dramatização. Elas podem trazer-nos explicações sobre o que ocorre quando, com um mecanismo de defesa, produzimos uma representação do mundo para nós mesmos; Usando as ferramentas mentais com o “teatro interno”, podemos solucionar um fato obscuro ou escondido, dominando-o e retirando sua força. 


A Dissolução e a Conversa na Bolha 
A “Conversa na Bolha” é uma representação mental com a qual assumimos um papel de “adulto” ou superego completo, ou mestre da existência, ou uma essência desperta para nós mesmos. 
A conversa na bolha é uma forma de dramatização consciente que nos auxilia a sermos transformadores de nossa própria existência. Com ela, podemos assumir nossas falhas e erros, mas de forma adulta, como verdadeiros tutores de nossa existência passada. Assumimos o papel daquele que orienta, indica, acolhe, protege, mas é severo, porque vai querer eliminar aquela velha forma de posicionamento. Esse mesmo mecanismo será utilizado para o caso de sofrimentos: Assumimos a forma de um tutor maduro, que vai até os momentos de sofrimento e dor, acolhe, protege, retira a tristeza, compreende, faz assumir que certas decisões foram tomadas por falta de maturidade ou pela incapacidade de compreender as situações de maneira plena, mas que está ali para mostrar que a vida segue e pode ser alegre. 


Origem da conversa na bolha 
A “Conversa na Bolha” é a nossa principal ferramenta de trabalho para os aspectos da personalidade, tanto para iniciados no MOINTIAN como para leitores iniciantes. Ela nos ajuda a isolar um problema, uma situação, uma reação ou um fato, de maneira que possamos nos sentir protegidos e confortáveis. 

A primeira referência sobre a “Conversa na Bolha”, está registrada no livro Os Incríveis Seres de Dois Mundos, nas páginas 132 e 133, quando o personagem Joca descreve como conseguia reverter uma situação desagradável. Depois, eu apresento a técnica no livro Práticas Para a Meditação Livre, no capítulo 7.2. A partir deste tópico eu a apresentarei em detalhes, com suas variadas utilizações e com exemplos práticos. 
Na década de 1990, eu estava dedicado ao meu autoconhecimento. Eu estava tentando entender os meus desvios de conduta, os meus hábitos, as minhas qualidades e as minhas percepções. Foi quando iniciaram a surgir, como fruto de profundas meditações, os caminhos para que eu entrasse profundamente na minha psique e corrigisse o que fosse necessário. Várias ferramentas surgiam, possibilitando romper com traços e características que não estivessem de acordo com o meu processo evolutivo. Elas foram decisivas no meu processo interno. 
Com o surgimento do MOINTIAN, eu as considerei muito básicas, pois eram referentes ao conhecimento da personalidade. Por isso, ficaram fora do treinamento espiritual para a ascensão proposto no Método. 
Muitos anos depois, eu notei que os alunos não conseguiam fazer a relação entre as autoaplicações, com a energia do Método, e os momentos de profunda meditação e autoconhecimento, utilizando-se do acréscimo das ferramentas oferecidas, e decidi escrever o livro Práticas Para a Meditação Livre, de capa laranja. Nele, expus as técnicas básicas para o trabalho com a meditação, no sentido de despertar o autoconhecimento, listando algumas das ferramentas que utilizava naqueles anos passados. Por isso, formulei o livro como um curso básico para a construção e análise da personalidade. 
Logo, algumas questões de cunho profundo foram feitas, o que tornou importante realizar um trabalho que esclarecesse sobre a filosofia do Método e indicasse um caminho para aprofundar o autoconhecimento. Isso foi feito com o livro Uma Nova Consciência Para Uma Nova Humanidade, de capa verde. 
Agora, este trabalho aprofunda aquela semente, dando uma explicação mais detalhada sobre a maneira de realizar as meditações e para corrigir determinadas características da personalidade de modo prático. 

Próximos tópicos: 

11. Antes da Conversa na Bolha 
12. Temas ou Fases