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RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 7. O Lado Positivo das Emoções / Sobre a Autotransformação


23/03/2019

7. O lado positivo das emoções e sobre a autotransformação 


O Lado Positivo das Emoções 

De uma perspectiva geral, para uma pessoa que tenha se trabalhado e se conhecido bem, medo, raiva, ansiedade, podem ser positivos, quando determinam comportamentos e quando trabalham a serviço de uma mente equilibrada. O medo serve para proteger, e pode ser aguçado quando é a tradução de uma intuição que avisa que algo não está bem. A raiva pode ser a força geradora de um trabalho, mesmo que se esteja cansado e pareça impossível realizá-lo; pode ser aquele ímpeto responsável pela realização de um exercício mais forte, ou a disposição para atingir uma meta essencial. A ansiedade pode ser a movedora que induzirá a conclusão mais rápida de uma tarefa ou que impulsiona para que se saia do lugar comum. 
Dentro do processo evolutivo, todas as emoções aparecem. É preciso estar com elas em equilíbrio, sem expressar um extremo ou outro, conforme vimos no tópico anterior, sobre os aspectos positivos e negativos dos “pecados”. Isso serve para todos os aspectos do nosso ser. Se exageramos numa qualidade, ela pode se tornar um defeito, quando exigimos que os outros sejam como nós, ou quando nos policiamos excessivamente, em vez de ficarmos equilibrados e relaxados... 


Sobre a autotransformação 
Somente quem estiver livre, de corpo, mente e sentimentos, poderá de fato crescer espiritualmente. A liberdade advém como consequência da autotransformação. Mas é necessário querer a liberdade, e ao preço de deixar ao vento as folhas secas que caem do outono enevoado das nossas lembranças.
Manual do MOINTIAN. Efeito das Iniciações. P. 54
 
A respeito dessa citação, houve um questionamento, sobre se mudar um hábito é na verdade uma transformação. O que é autotransformação, nesse contexto? Como se atinge isso? 
Reconhecer um hábito nocivo ou uma característica negativa é um passo importante para o autoconhecimento. Transformar um hábito nocivo em algo positivo ou retirá-lo de nossa vida é, em si, transformação. Podemos definir autotransformação, dessa maneira, como a capacidade de análise, de reconhecimento de uma característica e o domínio disso para mudar algo que nos limita ou incomoda em algo que nos move e nos estimula. 
Mesmo que se reconheça, domine e elimine uma característica (ou um trauma), ela ainda permanece ali, porque somos seres que vivem imersos em um mundo no qual as características negativas estão intrínsecas à vida nesta atmosfera, neste planeta. Foi como descrevi no livro Uma Nova Consciência...: faz parte do kit humano apresentar certas emoções, características ou “defeitos”. Então, sempre que nos conectamos a algo que, em um momento, esteja afastado, distanciado de nós mas que faz parte do mundo, podemos trazer essa parte do mundo de volta para nossa realidade e consciência. Por exemplo, e de maneira rudimentar, se afastamos de nós a reação de raiva mas nos aproximamos e convivemos com pessoas “raivosas”, teremos absorvido um pouco dessa raiva. A eliminação real de uma característica negativa só poderia de fato ocorrer se a coisa em si fosse eliminada de toda a esfera planetária ou dimensional. Sendo assim, a única forma de não recorrer a um erro ou a uma emoção negativa é a atenção, a disciplina e a eliminação da importância que um fato teve em nossa vida. Quando neutralizamos um fato que gera trauma ou conflito, retiramos sua força. Se retiramos essa força, diminuímos as reações negativas que teríamos cada vez que algum mecanismo ative a lembrança sobre o fato, como uma reação de raiva ou mesmo de estagnação. 

Dispomos de ferramentas que nos auxiliam para que possamos entender os problemas e, até mesmo, que possamos eliminar os efeitos que teriam no nosso processo interno. A consecução interna, a realização pessoal no âmbito psíquico e espiritual, independe da “pureza idealizada”, mas está relacionada com uma conexão com um nível de pureza e com os efeitos que isso acarreta na vida imediata. 
Essa conexão funcionaria como o afastamento do problema, no sentido de integrar em si uma dimensão de realidade diferente. No entanto, mesmo tendo realizado uma conexão com algo “puro” ou “superior”, a volta à vida normal ou à realidade vigente, vai trazer um pouco das possibilidades anteriores. Sendo assim, somente o desligamento de toda uma dimensão traria a eliminação real de algo. É importante encontrar uma conexão com algo mais puro, transcendente até, mas que não traga fuga da realidade. É importante entender que o principal mecanismo é o afastamento ou desligamento das causas reais, entendendo os fatos ocorridos, mas sem revivê-los e sem senti-los a cada lembrança. 
Como chegar a essa conexão com uma realidade diferente? Ela pode ser consciente ou não. A consciente, nos traz uma tranquilidade e aquele tipo de “hipocrisia” da qual falo no livro verde: entendo os problemas, mas sinto alegria por estar vivendo no mundo. A inconsciente, é mantida pela fé e por notar uma sutil diferença na maneira de encarar a realidade da vida: reconheço ou sei que existe uma força interna que me mantém íntegro e alegre. 

Quando algo muda em nós, relativo, por exemplo a um hábito, é como se víssemos aquilo que fomos, fazíamos ou gostávamos de uma forma distanciada. Parece que “não somos mais nós mesmos”. É como se, antes, estivéssemos em uma bolha, uma bolha de sensações e atitudes, que foi estourada, dissolvida e que agora nem entendemos como as pessoas que estão dentro dela, ou que permaneceram nela, continuam com aquilo. No entanto, estamos em outra bolha, outra forma de pensar, outra maneira de ver. Mas, ainda estamos, como sempre, dentro de bolhas de emoções, sensações, pensamentos e atitudes, que são as que nos moldam, nos formam como seres. 
A resolução real de algo está na diferença de sua manifestação. É preciso entender que a eliminação, de fato, não ocorre mas, sim, a transformação do nível de manifestação, até o mais próximo de sua eliminação e dos efeitos que pode ter trazido para outros, quando for algo como uma ação contra outra pessoa. 

É impossível que alguém que tenha entendido essa mudança de consciência queira voltar ao nível anterior. No entanto, as sementes sempre estarão em nós. Por isso, o pensamento diligente, o entendimento de todos os processos, dos efeitos, e até mesmo de uma “moral”, no sentido do bom senso e do senso comum, farão a diferença para que alguém entenda como se comporta e como está controlando suas transformações. 
A questão da autotransformação é, talvez, uma das reflexões mais importantes e profundas. 
Mas, como entender o que precisa ser mudado? Como saber se estou no caminho certo? Eu costumava tomar uma reflexão assim, anos atrás, e ir atrás de uma resposta, entrando profundamente em mim mesmo. Enquanto eu não conseguisse a resposta eu continuava entrando mais a fundo e exigindo a resposta de mim mesmo. Mas, aquilo não era algo de elaborar o pensamento a respeito, senão em como entender o sentido e deixar que, do fundo de mim mesmo, ou de uma dimensão superior, brotasse o conceito que eu precisava. Eu me acostumei a fazer isso. No início, pode levar dias para se conseguir entender um conceito; depois, algumas horas. Na maioria das vezes, eu consigo entrar em Estado Intermediário e atingir algum nível quase instantâneo de resposta. O que difere uma resposta profunda e absoluta de uma resposta sujeita ao equivoco é o motivo pelo qual é perseguida a resposta. Depende do nível de interesse ou de preocupação da pessoa que pergunta. Por exemplo, quando preciso responder algo a outra pessoa, a resposta depende do interesse que se tenha e das ligações que se mantenha. Isso está de acordo com o que explico a seguir, quanto ao conceito de intuição verdadeira ou falsa: 
Sempre me perguntam sobre como ter certeza a respeito de alguma coisa. Perguntam-me sobre como saber se um pensamento que vem é uma intuição, um julgamento ou uma simples análise mental e como identificar se isso é verdadeiro ou falso sobre a coisa pensada. Pois eu posso afirmar que sempre que for a respeito de algo desejado, haverá um engano. Sempre que nossa vontade de saber a respeito de algo, de alguém, de alguma coisa, for estimulada pela posse, pelo desejo, pela vontade de possuir, de reter, de obter, e até mesmo de ajudar, fará um juízo falso que tomará conta da nossa mente e das nossas sensações. Somente aquilo sobre o que não temos necessidade, nem desejo, nem vontade de possuir, pode ser ou vir à mente como real intuição e como julgamento verdadeiro e profundo sobre alguma coisa.
Por exemplo, se uma pessoa está apaixonada, ou tem afinidade, interesse de alguma ordem, por outra, e queira saber se essa lhe é leal, então entrou o sentimento e vem o julgamento a respeito, o interesse, o que ela quer e o que deseja dela. Assim, não aparece a intuição verdadeira.
 
Por isso que, na análise de si mesmo, que é profundamente mais complexa, é necessário um tempo para que as paixões, os interesses e as máscaras sejam derrubadas, desbloqueadas e possamos ver as situações, as emoções e quem somos verdadeiramente. Muitos enganos podem surgir, pelos vários mecanismos que a mente utiliza para se proteger. Mas, quando se persiste, há um avanço imenso, e uma abertura imensurável da consciência. 

A partir do próximo tópico, entramos na preparação para a Prática de Resolução – A Conversa na Bolha. 

Próximo tópico: 8. O que é programação mental? Como realizar? 


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