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RESOLUÇÕES PROFUNDAS II - 14. Análise das Consequências

20/05/2019

14. Análise geral das consequências 

É preciso lembrar, mais uma vez, que, como consequência imediata da prática de dissolução profunda, as memórias podem ficar ainda mais vivas, causando um incomodo nos dias seguintes. Mas, isso deve ser um estímulo para continuar com o processo, e não para querer desistir. Quando se retira, ou se começa a retirar, essas camadas mais densas de problemas, é comum que as memórias e as sensações aflorem, parecendo que o efeito foi contrário ao esperado. Os mecanismos de defesa também tendem a ser estimulados, fazendo com que certos padrões de fuga se instalem, dispersando a força que deve ser usada para as práticas. Lembremos do mesmo princípio, já enunciado no Manual do MOINTIAN, referente às iniciações: 
Como consecução do processo de iniciação afirma-se: o que for bom ficará, o que for ruim nunca mais aparecerá. Em todos os aspectos ocorrerão limpezas e transmutações para que a nossa volta apenas harmonia permaneça, mesmo que a princípio pareça o oposto. Podem aparecer situações que, analisadas superficialmente, são contrárias ao nosso bem-estar. Pode ocorrer, por exemplo, o rompimento de um relacionamento aparentemente estável, mas que impedia o fluxo superior de se manifestar plenamente, pelas ligações ou conflitos que gerava. A harmonia que virá depois do período de reajuste será muito maior. (...) De modo geral, toda iniciação denota um processo de reinício, de recomeço, uma espécie de renascimento. É o marco final de um ciclo e entrada em um novo. Isto é simbolicamente representado por um estado de morte, de desprendimento de uma fase que foi importante, cumpriu sua missão em nossa jornada e deve ser deixada para trás, com o propósito de proporcionar uma evolução interior e uma reorganização de padrões em todos os níveis do nosso ser. É preciso, de certa forma, matar apegos e lembranças anteriores, sem reprimi-las, mas superando obstáculos a partir da força de uma iniciação, empregando as técnicas para este propósito. Sem a morte do que ficou para trás, sem o desligamento total dos processos que foram trampolins para a possibilidade desta abertura, não se pode atingir o cume da montanha, que é o renascimento, a elevação e a transmutação interna. Manual do MOINTIAN. Efeitos das Iniciações. p.56-57. 
Todo sentimento negativo tem uma raiz, que pode estar escondida e que precisaria ser analisada e, então, dissolvida. Quando se desconhece a causa original de algum sentimento ou reação, será necessário fazer uma preparação para a dissolução final. Isso tem como objetivo deixar aflorar memórias, sentimentos e sensações que proporcionarão a descoberta das causas profundas. Para isso, pode-se realizar o EBM e a visualização da bolha, como uma conversa com a tua parte que manifesta uma reação, por um período de 21 dias. Mesmo que as memórias não aflorem totalmente, as sensações irão equilibrar-se e será possível realizar um procedimento mais profundo para a situação como um todo. 

A partir do momento que se tem algumas respostas, pode-se isolar ou agrupar situações sobre o mesmo tema original. Então, não seria simplesmente o sintoma, como a ansiedade, por exemplo, mas a perda ou o medo da perda, como reflexo da causa real. Coloca-se aquele medo dentro da bolha, que pode ser o teu medo, vendo a ti com medo e também pode-se colocar a situação lembrada, original, dentro da bolha. Há muitas maneiras de fazer. Mas é preciso chegar na origem. Depois, trabalha-se nas consequências na vida diária, nos impedimentos e nas frustrações que as causas originais deixaram na vida. Assim, quando se dissolve as origens, teremos a manifestação da vida livre. E, somente após isso, as conexões superiores. 
Mas, o estímulo para a continuação será ampliado, mostrando-se como uma oportunidade de crescimento e autoconhecimento. 
> Quando se desconhece uma causa, trabalha-se com as reações;
> Trabalhar com as reações ajuda a amenizar ou dissolver os efeitos das causas profundas, ainda que desconhecidas;
> Trabalhar na origem ou causa, ameniza ou dissolve as reações.
 

Análise das anotações e com os ciclos de humor 

A conversa na bolha é uma técnica importante para identificar aquilo que não precisa mais permanecer conosco, que nos demos por conta que precisa ser extraído e dissolvido. 
Durante a prática, é importante estar plenamente harmonizado e consciente do que se precisa fazer e não deixar que as imagens externas, ou os pensamentos que não condigam com o tema, atrapalhem a concentração. No entanto, e apesar de contraditório, é preciso analisar e anotar todas as imagens e informações que venham como decorrência da execução da técnica, e em todos os passos do processo. Tudo precisa ser anotado, mesmo que não pareça estar conectado com a técnica ou com os argumentos listados. No final da sequência de práticas tudo o que foi anotado será analisado, e poderemos identificar padrões e características que não havíamos reconhecido mesmo durante o período de práticas. O reconhecimento de informações traz um incrível salto, um crescimento interno muito significativo. Essas informações que surjam podem envolver muitos lapsos de memória aparentemente desconexas, mas que fazem parte da reconstrução mental e da personalidade. Quando conseguirmos montar essas ideias, com associações mentais, veremos que evidenciam a retirada mais profunda das emoções gravadas sobre o problema que está sendo trabalhado. Por isso é importante anotar tudo. Durante o processo, pode ocorrer, inclusive, uma variação de bolha, como um reflexo no espelho, no qual a parte que “sai” é a que vê o que está errado: como uma versão melhorada daquele que está tentando mudar uma característica. E, a partir desse ponto, desse ângulo de visão, pode-se entender a característica ou o processo como um todo. 

Quando o processo que estamos resolvendo no período de 21 dias é algo “imposto por nós mesmos” e que se tornou inconsciente (como uma situação de perda que gera uma energia de negação ou procrastinação que impede atos futuros ou a conclusão de projetos de vida) e isso perdura por muitos anos e décadas, é preciso ter ainda mais atenção aos detalhes, às intuições, às informações que nos chegam em horários que não estamos realizando meditações, mas que ocorrem como pequenas lembranças. Temos que ter a presença de espírito para fazermos as associações mentais necessárias e para entendermos que, muitas vezes, boicotamos nossa vida com ordens negativas. E essas ordens permanecem por tantos anos que não nos damos conta de que aquilo estava ocorrendo, podando-nos. Dessa maneira, precisamos estar muito atentos aos mínimos detalhes, tendo consciência de que, quando as informações apareçam, elas deverão ser trabalhadas mesmo após o período dos 21 dias iniciais. O primeiro período vai servir para desbloquear as informações e características. O período de recesso vai amadurecer muitas informações que vão, ainda, demorar algum tempo para que tenham seu efeito real em nossas vidas. Por isso, é preciso persistir ou permanecer com o pensamento da resolução. 

Os cuidados com os ciclos de pensamento, de humor, são muito importantes. Anotar e avaliar quando há variações comuns de humor, períodos nos quais estamos mais sensíveis, verificando se são de ordem emocional ou hormonal. Pode-se anotar em quadro, que servirá para análise. As questões mais profundas exigem certo equilíbrio da personalidade, e não podem ser trabalhadas quando, conjuntamente, afloram sintomas ou sinais de variação de humor, como os decorrentes da TPM. Seria preciso uma avaliação prévia destes períodos de variação de humor e de temperamento, que poderíamos dizer “naturais”, para escolher os momentos mais propícios para as práticas, que seriam momentos de relativo equilíbrio. 

Pensando em tudo o que temos visto até aqui, precisamos refletir sobre nossos gostos e modos de ver e ser. O que acreditamos ou defendemos é nosso pensamento ou é derivado de uma reunião de sensações e impressões, inclusive de nossas limitações e medos? O que nos conduz a sermos como cremos e vemos que somos?

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